O Sol Argentino continua a brilhar (parte 2)

Diz-se que o futebol é muito simples: quem tem a bola ataca, quem não a tem defende. Apesar disto, para evitar o ditado que diz "quem não marca, arrisca-se a sofrer", é preciso saber atacar e, para isso, nada melhor do que ter um avançado creditado que, depois da bola lhe chegar, no último terço do terreno, torne os ataques realmente perigosos. Nesse sentido, ninguém está melhor servido do que a atual Seleção da Argentina. Tévez, Aguero, Higuaín e o "falso nove" Messi tornam o ataque das Pampas no mais rico da atualidade e possuem ainda a vantagem (à excepção do craque da Juventus que já ultrapassou os 30 anos) de ainda terem vários anos ao mais alto nível pela frente, sendo ainda todos, provavelmente, opções válidas para o Mundial de 2018. Mas como se estes nomes não bastassem, há uma segunda e até terceira linha de avançados argentinos de bastante qualidade e juventude, uns já bastante conhecidos no âmbito do futebol europeu e outros à beira de dar o salto para o Velho Continente. Assim, o Visão de Mercado efetua, em duas partes, uma análise à nova vaga de "delanteros" das Pampas.

Nesta segunda parte, iremos abordar 4 avançados argentinos que ainda jogam no seu país, mas que estão prontos para, a qualquer momento, embarcar rumo ao futebol Europeu. São 4 jogadores com idades entre os 19 e os 25 anos, com percursos e características diferentes, uns mais consagrados dentro do próprio futebol argentino e outros ainda à espera da "explosão" na carreira. Quando se avizinha um Verão em que FC Porto (Jackson deverá sair), Sporting (os Leões carecem de poder de fogo na frente) e Benfica (a dupla de ataque mais usada é composta por" trintões"), provavelmente, irão ao mercado em busca de Pontas-de-Lança, Giovanni Simeone , Guido Carrillo, Gustavo Bou e Jonathan Calleri poderão ser nomes na órbita de qualquer um dos grandes do futebol português

Giovanni Simeone (River Plate, 19 anos, 1,81 metros) - Costuma dizer-se que “filho de peixe sabe nadar” e o caso de Gio parece confirmar a ideia popular. Filho do atual treinador do Altético de Madrid e 106 vezes internacional argentino Diego Simeone, Cholito fez toda a formação no River Plate, clube no qual joga desde 2013 na primeira equipa. Muito tapado por nomes como Rodrigo Mora ou Teó Gutiérrez, poucas oportunidades tem tido nos Milionários (apenas 31 jogos e 6 golos desde a sua estreia), pelo que tem sido na seleção sub-20 que mais se tem brilhado, tendo-se consagrado melhor marcador do recente campeonato Sul-Americano. No torneio disputado no Uruguai, Gio destacou-se pela forma como se movimentou no ataque, pela sua verticalidade, e, sobretudo, pelo seu instinto goleador, pela seu “feeling” para aparecer no espaço vazio onde a bola cairá. O seu futuro próximo é uma incógnita, já que raramente é opção no seu clube, sendo uma saída (talvez até para uma equipa na Europa que lhe desse a oportunidade de jogar e evoluir) a melhor opção para o futuro imediato (estava previsto que fosse emprestado em Janeiro, mas o impacto que teve no Sul-Americano “obrigou” Marcello Galardo a ficar com ele no plantel). 

Guido Carrillo (Estudiantes de La Plata, 23 anos, 1,87 metros) - Formado no Estudiantes, clube pelo qual fez a sua estreia em 2011, Carrilo não teve um grande impacto inicial, pois, não obstante ter-lhe sido reconhecido sempre invulgar talento, apontou somente 7 golos nos seus primeiros 57 encontros pela primeira equipa. Mas a partir de 2013 o jovem começou a fazer os seus números disparar, apontando 27 golos desde aí, somando 5 tentos nas últimas 5 partidas, entre os quais um Hat-trick no último jogo da Taça Libertadores. Avançado muito completo, alto, talvez o melhor cabeceador da Liga Argentina, consegue impor a sua presença física na área, sendo forte a receber e a jogar de costas para a baliza, valendo-se, para isso, duma técnica acima da média para um jogador da sua altura.

Gustavo Bou (Racing Avellaneda, 25 anos, 1,77 metros) - Cristiano Ronaldo disse, após uma série menos produtiva em termos goleadores, que "os golos são como o Ketchup". Ora, Gustavo Bou parece dar razão ao astro Português: desde a sua estreia pelo River, em 2008, representou 4 equipas até chegar ao Racing, em 2014, festejando apenas 16 vezes em 100 jogos, mas em 21 encontros pelo emblema de Avellaneda somou 17 tentos. Já elogiado pelo selecionador Tata Martino, Bou estreou-se na Taça Libertadores com um Hat-trick frente ao Deportivo Táchira em Fevereiro, sendo um dos jogadores mais em forma na América do Sul, vindo-se a distinguir pela facilidade de remate, pelo oportunismo dentro da área, zona na qual apresenta movimentos muito interessantes (nomeadamente curtas desmarcações), sendo ainda forte e potente fisicamente. Fica a dúvida em saber se esta série altamente produtiva é uma mera fase ou se se irá prolongar, algo que a acontecer deverá valer-lhe o bilhete para a Europa. 

Jonathan Calleri (Boca Juniors, 21 anos, 1,75 metros) - Formado no All Boys, o "novo Tévez" mudou-se no Verão de 2014 para a Bombonera, tendo apontado 10 golos em 26 partidas pelo Xeneize. Já associado a emblemas como o Arsenal, Calleri destaca-se por muito mais do que os golos, sendo o jogador com mais recursos técnicos desta lista, mostrando-se capaz de recuar no terreno, de cair nas alas e de atacar o espaço nas costas da defesa. Capaz de efectuar remates de elevada dificuldade técnica, o facto de nem a chegada de alguém com o nome de Pablo Osvaldo lhe ter retirado protagonismo atesta bem o seu valor. Uma verdadeira pérola.

Fábio Teixeira e Pedro Barata

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